quinta-feira

13 e 14 depois de uma madrugada em que ficámos comendo batatas fritas e bebendo cola para ver o nascer do sol. uma madrugada depois da primeira noite em que saímos todas juntas. quero voltar a Lisboa. Ia dizer Portugal mas fugiu-me a boca para a verdade. Se bem que também sinto falta das tendas nos pinhais, dos dias parados da minha vila, das corridas na cedofeita, dos pequenos super espalhados pela costa, cada um diferente-igual e sempre as latas de feijão e milho e cebola. o Verão. nunca fui com a cara dele e nunca tanto me deu ganas como agora. a minha câmara me espera. com o tempo a diminuir os já-não-vale-a-pena aumentam. já não vale a pena mandá-la pelo correio, já não vale a pena arranjar uma bicicleta, 
só já as pessoas valem a pena.

quarta-feira

let July be July

achar que tudo na vida tem um modo progamado de se fazer é um dos meus maiores bloqueios. 

as regras, 
a toda a hora, 
em todo o lado. 


e é por isso que as minhas plantas morrem e o meu pão não cresce. porque ter de perguntar à minha amiga que fez uns bagels deliciosos "como mediste a temperatura da água?" ou ter de pesquisar incansavelmente "como fazer crescer um abacate de uma semente", enquanto questiono o que estou a fazer de errado em vez de pensar que secalhar o abacate não cresce porque não é daqueles abacates que lhes apetece crescer, é só isso mesmo  a minha obsessão com a maneira acertada, com o segredo do sucesso que toda a gente parece que sabe menos eu. talvez seja o meu ascendente em capricórnio. ou talvez seja só medo. a minha mãe diz que não posso espreitar a massa a cozer para não a agoirar, mas eu não resisto e ela não cresce. e quanto menos ela cresce mais eu espreito e penso no que podia fazer diferente.

porque não sei só tirar a água já quente da torneira ou
só deixar a vida andar ou
só deixar a massa crescer sem dar uma vista de olhos ou
só deixar as coisas acontecer ao ritmo delas.

é por isso que as minhas plantas morrem. e o meu pão não cresce.

domingo

e já não é de agora

preciso de respirar

inspirar
expirar
inspirar

cantar
ser
correr 
acreditar
confiar
mergulhar


comer
dançar
brincar
rir
me apaixonar
aceitar 
estar

inspirar
expirar
inspirar

preciso de respirar


sexta-feira

juin




~
nuvens
brancas ou rosas
semicerro os olhos, os deixo bem pequenininhos
mas o sol é mais forte e não me deixa ver 
o que é real, 
o que é de fato.

os meus olhos gostam de rosa e eu não vou discutir com eles.
será que ainda sei ser do verão?

meu deus, mal posso esperar para descobrir

domingo

lutas #1

a scrollar no instagram //
- toda a gente a fazer pão e eu não consigo
- olha, eu também não consigo fazer assim para cima na guitarra

cada uma com a sua luta.

quinta-feira

dia ? de ? (horas depois)


e eis que surge esta menina.

o telemóvel faz aquele plim, ilumina-se e dá notícias. uma notificação "alice phoebe lou iniciou um live". e de repente me vejo no carro à beira da costa, vejo o verão e o fim do dia que vem arrepiar a pele depois das horas intermináveis de sal e de sol. vejo a tenda e os pinheiros à nossa volta e tudo fica mais leve. 

a música é o que salva a minha vida.

dia ? de ?

ok, cheguei ao meu limite. a cabeça pesada, o enjoo na garganta, o estômago a doer, vontade de chorar e vontade de nada, tudo ao mesmo tempo. provavelmente também será porque ontem só dormi às 4h da manhã. mas mesmo isso tem a ver com o meu limite, pois a ansiedade vem quando o passamos, e com a ansiedade vem a insónia. e com tudo isto aprendo que nem 8 nem 80. não queria vir para aqui ser negativa mas a verdade é que olha, acontece. secalhar vou só ali dormir uma sesta. até já.

quarta-feira

i wish i had someone to hold during this quarantine, someone to boil tea for, someone to scratch my back.
02:37. as flores em Pärnu e o Verão. aguardo tempos mais quentes para poder despir a camisola sem me encolher, sem sentir que o meu corpo não é meu. um tempo para me reivindicar, ocupar mais espaço, ser mais eu. um tempo lânguido.

dia "nem-sei-já-quantos" de "nem-sabemos-quantos"

penso que começo a ver aos pouquinhos o meu limite a dar de si; secalhar também tenho em mim mais bicho de rua do que pensava. ou então tenho só bicho de não gostar de todos os dias iguais sempre. hoje postei algo no facebook em que pede aos amigos para partilharem a memória mais querida que têm connosco. tinha medo que ninguém respondesse e pensei apagar 5 minutos depois de publicar mas as memórias começaram a vir. e agora não sei se é tpm se é gratidão mas estou quase a chorar a pensar que porra, a vida tem sido bonita mesmo. tem sido boa comigo e eu só sei dizer obrigada.