terça-feira

introspecções com atraso de umas semanas

para nos despegarmos de algo, o primeiro passo é entender esse algo; ou eu assim o necessito. 2019 não foi, de longe, um ano mau. mas foi um ano parado, um ano em que senti o interior tão grudento que dá náusea, um ano em que me quis mexer mas me senti muito presa. um ano que quero deixar nele. mas foi um ano vivido também, e é bom perceber isso e saber que apesar de parecer que não, aconteceu muuuuuita coisa.


razões pelas quais dois mil e dezanove talvez até nem tenha sido um ano tão meh

◌ fiz a minha primeira grande viagem sozinha (de Atenas até Roma). chorei para caraças. tive medo. fiquei sem dinheiro a meio e já não vi quase nada da Itália. conheci pessoas lindas. e outras nem tanto. vi sítios lindos e quase nem acreditei nos meus olhos. tive muito medo, muita ansiedade. respirei fundo e voltei.
☄ vi Florence + The Machine pela primeira vez. na Grécia. na Acrópole. e chorei para caraças outra vez. e dancei para caraças. e a despersonalização fez-se sentir mas não faz mal. porque foi poderoso. true goddess energy.
◌ voltei a Londres pela primeira vez em 11 anos e estive na mesma sala (a respirar o mesmo ar) que a Phoebe Waller Bridge. confirma-se que esta mulher é fantástica.
◌ trabalhei pela primeira vez num sítio à séria durante mais de seis meses (dando azo à minha amélie interior e percebendo que trabalhar num café não é assim tão cinemático)
◌ apaixonei-me mais do que o recomendável para a saúde - mas não teve fins desastrosos; pelo contrário, deu-me vontade de ser mais por mim, fazer mais coisas, de ter menos medo dos meus sonhos e de não ter receio de ter sonhos e ambição
◌ acampei no SBSR sem ter um mini-meltdown por não conseguir dormir (oi paredes 2018)
◌ fui a uns outros mil concertos e percebi que tenho de tirar uma folga de ir a concertos porque afinal parece que a máxima do "quando é demais enjoa" é mesmo verdadeira e infelizmente dá para tudo; até para concertos e viagens
◌ perceber que abrandar e não querer ir a tantos eventos não tem problema
◌ voltei a Tallinn em janeiro
◌ fiz mais duas tatuagens
◌ aprendi a gostar do verão (e ter saudades dele??? ainda não me acredito mas tenho, muitas)
◌ fui a Bruxelas e Brugge e comi muito
◌ comecei a preocupar-me mais em fazer e pronto mesmo que não esteja 10/10 do que esperar e esperar fazer porque quero fazer perfeito
◌ apaguei o instagram
◌ deixei-me de ódios por Lisboa e estou a aprender a conviver com ela lado a lado
◌ tirei mais fotos aos pés e à comida do que é socialmente aceitável
◌ vi o Luís Severo mais do que é socialmente aceitável
◌ e os Capitão Fausto
◌ fui à França pela primeira vez!!! a Lille ok mas conta na mesma
◌ senti-me muito sozinha
◌ apesar de ter pessoas que se dão e me dão mais do que alguma vez eu poderei agradecer <3
◌ comi e comi e comi e aprendi a cozinhar carbonara a sério (sem natas ou bacon)


ano de perceber que eu não me posso mais queixar

domingo

we should boycott women who don't cry

hoje sonhei com uma onda gigante. abri a porta da casa dos meus pais e ela lá estava, a cavalgar na nossa direção. pânico e aceitação. pedir a Deus que a mande voltar para trás mas saber a inevitabilidade de ir morrer em breve. saber que vou morrer é pior do que morrer. acordo e tudo estava igual mas diferente. não sei ver o quê. tudo está no sítio. mas não é o mesmo de quando fechei os olhos para dormir ontem. morreu Anna Karina. não sabia. sei agora. Anna Karina morreu.

terça-feira